A perceção visual é muito mais do que aquilo que vemos, não se trata de uma cópia fidedigna daquilo que temos à nossa frente. Não se trata de um processo fotográfico, é no cérebro que se vão estruturar e organizar as representações do mundo, é no cérebro que se dá sentido ao que vemos e ouvimos. A prova disso é que o cérebro corrige as informações que recebemos e que às vezes nos iludem. Ou seja, apesar de recebermos sensações diferentes de um mesmo objeto, temos a tendência a percecioná-lo da mesma forma. Chama-se a isso constância percetiva. Vejamos os exemplos seguintes:
1. Constância de tamanho: percecionamos o tamanho de um objeto ou de uma pessoa independentemente da distância a que se encontra. Ao contrário do que parece - os objetos mais distantes parecem mais pequenos - percecionas as coisas como tendo o mesmo tamanho: o lápis à tua frente parece maior do que o lápis na mesa do professor. No entanto, o cérebro ajuda-te a perceber que se trata do mesmo objeto com o mesmo tamanho.
2. Constância da forma: um objeto nunca forma a mesma imagem retiniana: a luz é diferente, a incidência e o ângulo do olhar também, a distância muda constantemente, etc... Ainda assim, percecionamos sempre a roda de um automóvel como redonda, mesmo que o ângilo de visão lhe dê uma forma elíptica. Percecionamos a porta como retangular quando, ao abri-la, ela perde essa forma.
3. Constância do brilho e da cor: mantemos constantes o brilho e a cor dos objetos, mesmo quando as circunstâncias físicas nos dão outra onformação. Percecionamos uma casa branca em plena luz do sol, e continuamos a percecioná-la assim à noite; percecionamos sempre o sangue vermelho e a neve branca, independentemente da quantidade de luz. Ou seja, a memória e a experiência retêm as características dos objetos, que são atualizadas quando os percecionamos em circunstâncias físicas distintas.
Conclusão: a imagem que temos do mundo é construída. Corrigimos mentalemnte, e de modo automático, o conteúdo da nossa perceção de modo a manter a regularidade/constância do mundo externo. Ou seja, a perceção depende das nossas experiências pessoais - a subjetividade - e permite-nos uma melhor adaptação ao meio.