domingo, 11 de dezembro de 2011

. Piaget e o Construtivismo



Piaget (1896-1980) constitui outro grande marco na história da Psicologia. Centrou a sua investigação no desenvolvimento intelectual das crianças, a quem aplicou diversos testes de inteligência, e pretendia responder a duas questões fundamentais: 1) Como se organiza e estrutura o conhecimento?; 2) Como se forma o pensamento?.


Em relação à primeira, operou uma síntese entre as teorias que se opunham na altura: o inatismo e o empirismo/behaviorismo. O inatismo defende que o conhecimento é determinado pelas capacidades herdadas dos progenitores, ou seja, é o sujeito que organiza ativamente os dados provenientes do meio. O empirismo, como vimos a propósito do behaviorismo, defende que o sujeito é uma espécie de tábua rasa onde se inscrevem as sensações que experimentamos, ou seja, o sujeito é passivo e limita-se a reagir aos estímulos provenientes do meio exterior. Piaget, por seu turno, defende uma perspetiva intermédia. Por um lado, precisamos de ser estimulados pelo meio exterior. Por outro, somos nós, com as capacidades que herdamos, que organizamos a experiência e que lhe conferimos um sentido. Daí que diferentes sujeitos façam leituras diferentes do mesmo objeto ou situação. A esta teoria, uma espécie de síntese entre inatismo e empirismo, deu-se o nome de construtivismo, porque o conhecimento é uma construção do sujeito em permanente relação biunívoca com o meio.


Em relação à segunda pergunta, depois de muitas experiências com os grupos de crianças com quem trabalhou ao longo da vida, Piaget conclui que o desenvolvimento intelectual se processa ao longo de quatros estádios, desde o nascimento até à adolescência, uma espécie de etapas num mesmo caminho ao longo do qual descobrimos capacidades diferentes. Quais as transformações que se dão em cada um desses estádios é o que veremos no segundo módulo quando nos dedicarmos mais detalhadamente às diferentes conceções do desenvolvimento.

domingo, 4 de dezembro de 2011

. A Psicanálise



O termo psicanálise é geralmente utilizado para designar a teoria freudiana sobre o psiquismo. No entanto, trata-se apenas de um método cuja finalidade é trazer à consciência as motivações inconscientes que estão na base das perturbações nervosas. Freud estava convencido de que trazer à luz do dia as recordações recalcadas e falar abertamente delas, isto é, trazê-las à consciência e enfrentá-las, seria meio caminho andado para nos libertarmos delas e tornar a cura possível. A estratégia, por isso mesmo, consistia em interpretar as manifestações do inconscientes - os sonhos e os atos falhados - e tentar compreender o seu real significado, o motivo por que causam dor psicológica. Trata-se, portanto, de um método assente no poder da palavra e numa relação de extrema confiança entre psicanalista e paciente, para que este último não tenha receio, ou qualquer outro tipo de constrangimento - vergonha, pudor...- quando é convidado a descrever os seus sonhos ou a fazer uma associação livre de ideias. A associação livre de ideias consiste em dizer tudo quanto ocorre à cabeça sem qualquer preocupação de fazer sentido, uma espécie de ditado do pensamento sem regras ou controlo, como se as ideias/imagens se sucedessem umas às outras como peças de um e mesmo quadro. O psicanalista, por sua vez, encarregar-se-ia de analisar essas imagens e, sobretudo, as ligações livres entre cada uma delas, por muito bizarras que possam parecer.