sábado, 5 de maio de 2012

. Processos cognitivos: a memória




Outro dos processos cognitivos é a memória. Sem ela não saberíamos quem somos nem a razão por que fazemos o que fazemos. É graças a ela que retemos informação e conhecimentos úteis nas mais variadas situações, das mais simples às mais complexas. Assim como é ela que se encarrega de apagar a informação entretanto tornada desnecessária, de modo a ficarmos aptos a adquirir nova informação. É, por isso mesmo, essencial para a nossa sobrevivência. Permite-nos representar o mundo e situarmo-nos nele, em função do passado, do presente e do futuro.
Em termos do seu funcionamento, podemos isolar três processos: aquisição/codificação, armazenamento e recuperação.
1- Aquisição/Codificação - é a primeira operação da memória que prepara as informações sensoriais para serem armazenadas no cérebro. Os dados são traduzidos num código, que pode ser acústico, visual ou semântico.
2- Armazenamento - depois de codificada, a informação é guardada no cérebro. Não se trata, no entanto, de uma gravação como se de um DVD se tratasse. Não há um lugar para cada acontecimento. Cada um dos elementos associados à memória de um determinado acontecimento, por exemplo o teu último aniversário, está registado em diferentes áreas cerebrais, registada em diferentes códigos, contribuindo cada um deles para formar a recordação que evocas.
3- Recuperação - nesta etapa, recupera-se efetivamente a informação, isto é, lembramo-nos, recordamo-nos, evocamos.

domingo, 29 de abril de 2012

. Mecanismos percetivos: o exemplo da visão

A perceção visual é muito mais do que aquilo que vemos, não se trata de uma cópia fidedigna daquilo que temos à nossa frente. Não se trata de um processo fotográfico, é no cérebro que se vão estruturar e organizar as representações do mundo, é no cérebro que se dá sentido ao que vemos e ouvimos. A prova disso é que o cérebro corrige as informações que recebemos e que às vezes nos iludem.  Ou seja, apesar de recebermos sensações diferentes de um mesmo objeto, temos a tendência a percecioná-lo da mesma forma. Chama-se a isso constância percetiva. Vejamos os exemplos seguintes:

1. Constância de tamanho: percecionamos o tamanho de um objeto ou de uma pessoa independentemente da distância a que se encontra. Ao contrário do que parece - os objetos mais distantes parecem mais pequenos - percecionas as coisas como tendo o mesmo tamanho: o lápis à tua frente parece maior do que o lápis na mesa do professor. No entanto, o cérebro ajuda-te a perceber que se trata do mesmo objeto com o mesmo tamanho.
2. Constância da forma: um objeto nunca forma a mesma imagem retiniana: a luz é diferente, a incidência e o ângulo do olhar também, a distância muda constantemente, etc... Ainda assim, percecionamos sempre a roda de um automóvel como redonda, mesmo que o ângilo de visão lhe dê uma forma elíptica. Percecionamos a porta como retangular quando, ao abri-la, ela perde essa forma.

3. Constância do brilho e da cor: mantemos constantes o brilho e a cor dos objetos, mesmo quando as circunstâncias físicas nos dão outra onformação. Percecionamos uma casa branca em plena luz do sol, e continuamos a percecioná-la assim à noite; percecionamos sempre o sangue vermelho e a neve branca, independentemente da quantidade de luz. Ou seja, a memória e a experiência retêm as características dos objetos, que são atualizadas quando os percecionamos em circunstâncias físicas distintas.
Conclusão: a imagem que temos do mundo é construída. Corrigimos mentalemnte, e de modo automático, o conteúdo da nossa perceção de modo a manter a regularidade/constância do mundo externo. Ou seja, a perceção depende das nossas experiências pessoais - a subjetividade - e permite-nos uma melhor adaptação ao meio.

. Processos cognitivos: a perceção


A perceção começa nos orgãos recetores que são sensíveis a estímulos específicos. Ao processo de deteção e receção dos estímulos nos orgãos dos sentidos dá-se o nome de sensação, que é traduzida em impulsos nervosos. Estes impulsos nervosos são conduzidos ao sistema nervoso central e posteriormente processados pelo cérebro. Esquematicamente: estímulo físico - orgão recetor - impulsos nervosos - perceção.
Ou seja, embora comece por uma sensação, a perceção é muito mais do que isso, ela envolve a interpretação das informações sensoriais recebidas. Quando sentes um odor - sensação -, identifica-lo, reconhece-lo, atribuis-lhe um espaço e até podes relacioná-lo com um momento preciso ou determinada pessoa. Numa palavra, atribuis-lhe um significado, em função da tua experiência e expectativas, e isso já é percecionar.

domingo, 22 de abril de 2012

. Os processos mentais


Os processos mentais podem ser agrupados em três grandes categorias: os processos cognitivos, os processos emocionais e os processos motivacionais.
Os processos cognitivos estão relacionados com o saber, com o conhecimento, e relacionam-se com a utilização, transformação e criação da informação do meio interno (corpo) e do meio externo. A perceção, a memória, a aprendizagem, a inteligência, o pensamento e a atenção, são os processos cognitivos que estudaremos.
Os processos emocionais estão relacionados com o sentir, são estados vividos pelo sujeito marcados, portanto, pela subjetividade. Correspondem às vivências de prazer e desprazer e à interpretação das relações que temos com as pessoas, objetos e ideias. As emoções, os afetos, os sentimentos e a inteligência emcional, são os processos emocionais de que nos ocuparemos.
Os processos motivacionais estão relacionados com o fazer, expressam-se em ações, em comportamentos. São os processos motivacionais que explicam a fome, a sede, o sono, e também o desejo de estar com os outros, a autorealização pessoal, etc.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

. Cérebro



O cérebro é constituído por dois hemisférios, o esquerdo e o direito, ligados pelo corpo caloso. Cada hemisfério é composto por quatro lobos - occipital, parietal, temporal e frontal - que têm funções específicas.
O cortex cerebral é a camada cinzenta que cobre os hemisférios cerebrais. Aí existem dois tipos de áreas: áreas sensoriais ou primárias e áreas psicossensoriais ou secundárias. As áreas sensoriais recebem informações provenientes dos orgãos dos sentidos que chegam ao cérebro e emite-as para as áreas secundárias. As áreas psicossensoriais interpretam, organizam e coordenam as informações provenientes das áreas primárias

Áreas primárias
Área Motora - responsável pelos movimentos do corpo
Área Visual - recebe os dados sensoriais provenientes dos olhos, possibilita a visão, a forma, a cor e o movimento dos objectos
Área Auditiva - recebe os sons elementares possibilitando a audição
Área Sensorial- possibilita a recepção de sensações como o tacto, a dor, o calor, o frio...


Áreas secundárias: psicomotora, psicovisual, psicoauditiva, psicossensorial


Unidade Funcional do Cérebro
O facto de o cérebro estar dividido em dois hemisférios e áreas com papeis disitintos não significa , como se pensou durante muito tempo, que não exista interacção entre eles. A prova disso mesmo é que existem actividades mais complexas, como ler, que implicam a aintervenção simultânea de diferentes áreas e dos dois hemisférios. Além disso, existe a função de suplência ou vicariante, isto é, se uma zona for lesionada, a sua função poderá ser substituída por uma área vizinha. Ficando assim provado que o cérebro não é um somatório de áreas sem comunicação entre si, mas uma unidade funcional e integrada.


. Sistema Nervoso Central

O SNC é constituído pela medula espinal e pelo encéfalo.

A medula espinal encontra-se no interior da coluna vertebral e desempemha duas funções fundamentais: de coordenação e condução. É a medula espinal que coordena, por exemplo, o reflexo sensoriomotor: resposta imediata, involuntária e automática a um estímulo, sem qualquer intervenção do cérebro (ex. quando afastamos a mão do fogo). Para lá da função de coordenação, a espinal medula conduz a informação do cérebro para a periferia e da peroferia para o cérebro.

O encéfalo encontra-se no interior do crânio, acima da medula espinal, e é constituído por diferentes estruturas: hipófise, hipotálamo, corpo caloso, córtex cerebral, tálamo, formação reticular, cerebelo, bolbo raquidiano...

Hipófise - glândula que controla e dirige a actividade do sistema endócrino
Hipotálamo - regula o sistema endócrino, a fome, a sede, o impulso sexula...
Corpo caloso - liga os dois hemisférios
Córtex cerebral - controla os movimentos voluntários, a percepçãp, o pensamento...
Tálamo - recebe e transmite informação de e para o córtex cerebral
Formação reticular - papel importante na atenção, memória, sono e estado de alerta
Cerebelo - coordena os movimentos e assegura a manutenção do equilíbrio


domingo, 26 de fevereiro de 2012

. Sistema Nervoso Periférico



O SNP é constituído por um conjunto de nervos que estabelecem relações entre o Sistema Nervoso Central e o resto do organismo. É graças ao SNP que o cérebro e a medula espinal recebem e enviam informações que nos permitem reagir aos estímulos do meio interno e externo. Trata-se de um sistema constituído por outros dois sistema, o Somático e o Autónomo.






SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO: assegura as relações entre o Sistema Nervoso Central e o meio. É constituído por nervos de três tipos: sensoriais - enviam informações da periferia ao SNC -, motores - conduzem as mensagens do SNC para os músculos e glândulas - e de conexão, que ligam os dois primeiros.






SIATEMA NERVOSO AUTÓNOMO: regula o funcionamento do meio interno do organismo. É independente do SNC, regulando de modo automático e involuntário o funcionamento dos orgãos internos. Daí que não tenhamos consciência de grande parte das funções controladas por este sistema, como o batimento cardíaco e a respiração... É constituído por duas dicisões: divisão simpática - é mobilizada quando o organismo precisa de mais energia, como nas situações de stress ou medo... - e divisão parassimpática - reduz a atividade do organismo, conservando a energia, e domina os períodos de relaxamento e calma -.



. Sistema Nervoso

. Bases biológicas do comportamento






Grande parte dos processos inicia-se nos orgãos dos sentidos, que captam as informações do meio. Estas informações são interpretadas e tratadas pelo sistema nervoso, que coordena, processa e desenvolve as respostas aos estímulos recebidos. Respostas essas que são efetuadas pelos músculas e glândulas. Daí que possamos falar em três tipos de mecanismos: de receção, de coordenação e de reação:




Mecanismos de receção: orgãos que recebem os estímulos do meio externo ou interno (cinco sentidos...).



Mecanismos de coordenação: estruturas que coordenam as informações recebidas e desenvolvem respostas concretizadas pelos efetores (sistema nervoso central e periférico).



Mecanismos de reação: orgãos responsáveis pelas respostas/reações aos estímulos (músculos e glândulas).

domingo, 12 de fevereiro de 2012

. Níveis de desenvolvimento: filogénese, ontogénese e epigénese





Quando falamos em desenvolvimento do ser humano tanto podemos referir-nos ao desenvolvimento da espécie como ao desenvolvimento do indivíduo. Quando falamos de desenvolvimento da espécie recorremos à palavra filogénese, uma palavra de origem grega cujo étimo remete para os conceitos de phylé (tribo) e génesis (produzir, gerar). Quando falamos do desenvolvimento do indivíduo usamos a palavra ontogénese, também de origem grega: onto (ser) e gen (produzir, gerar).
Filogénese: conjunto de processos de evolução dos seres vivos desde os mais elementares aos mais complexos; é o conjunto de processos biológicos de transformação que explicam o surgimento das espécies e a sua diferenciação.
Ontogénese: desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação até ao estado adulto, para alguns autores até à morte.
Durante muito tempo, pensou-se que o desenvolvimento individual - ontogénese -era o reflexo direto da epigénese. Ou seja, que o desenvolvimento individual era exclusivamente determinado pelos factores genéticos, substimando os fatores ambientais - determinismo biológico -. Hoje, já ninguém pensa dessa maneira, o que nos leva a pensar um terceiro conceito: epigénese.
Epigénese: etimologicamente significa "o que se acrescenta ao genoma" e refere-se a tudo o que não é determinado pelo património genético. Dito de outra maneira: os organismos dependem da estrutura genética herdada, mas também das influências que o meio exerce sobre essa mesma estrutura. O embrião desenvolve-se a partir de um estado simples e homogéneo. Neste processo desenvolvem-se potencialidades que não estavam presentes no ovo fertilizado original, mas que se desenvolvem a partir da influência do meio. Como fica provado no caso dos gémeos verdadeiros ou homozigóticos de que já falámos a propósito das noções de genótipo e fénótipo.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

. Desenvolvimento: hereditariedade e meio



A formação da personalidade está sujeita à influência de múltiplos fatores. Estes fatores podem ser divididos em dois grandes grupos: hereditariedade e meio.



Por hereditariedade entende-se tudo aquilo que herdamos dos nossos progenitores, as características biológicas e as potencialidades intelectuais inscritas no nosso código genético transmitido através dos cromossomas. A transmissão genética dá-se através de uma célula da mãe - o óvulo - e uma célula do pai - o espermatozóide -, cada uma com 23 cromossomas. Juntas asseguram os 46 cromossomas característicos da espécie humana. Os cromossomas são constituídos por genes que contêm a informação biológica que vai permitir o desenvolvimento de determinadas características do indivíduo. Os genes são constituídos por moléculas de ADN. O código genético é a sequência de genes existentes nos cromossomas e que caracterizam uma determinada espécie. Daí que possamos falar em hereditariedade específica, a informação genética responsável pelas características comuns a todos os elementos de uma mesma espécia, o que nos torna humanos. E a hereditariedade individual, a que nos torna únicos entre todos os elementos da mesma espécie.



O meio, por sua vez, é tudo aquilo que não herdamos, são os mais diversos ambientes com que contactamos desde o momento da concepção - o meio intra-uterino -, ao longo da nossa vida - o meio familiar, o meio social, o meio cultural... -, que estimulam ou reprimem as potencialidades genéticas e assim se tornam igualmente determinantes na pessoa em que nos tornamos. Por exemplo: as condições psicológicas da mãe, assim como a sua alimentação e hábitos não saudáveis, como fumar, têm reflexos negativos no desenvolvimento do feto. Assim como um meio familiar equilibrado será favorável ao desenvolvimento harmonioso da criança.



Durante muito tempo, a questão dividia radicalmente os teóricos. Tínhamos os partidários da hereditariedade, isto é, aqueles que defendiam que o património genético é o grande responsável por aquilo que somos. Também conhecidos por deterministas, por defenderam que somos o resultado inevitável das características biológicas, como se estivéssemos pre-determinados pelo nosso código genético a ser inevitavelmente o que somos. E tínhamos os behavioristas, como Watson que já conheces, convencidos que seria o meio, independentemente das condições biológicas, o único responsável pela personalidade que assim iria sendo moldada no contacto com o meio. Hoje, a discussão já não faz muito sentido, uma vez que todos concordam que somos o resultado mais ou menos equilibrado da tensão entre ambos os factores: hereditariedade e meio. Como fica provado no caso dos gémeos verdadeiros separados à nascença para viver em ambientes distintos: geneticamente iguais, mas com personalidades disitntas. Daí que tenhamos que falar em outros dois conceitos: genótipo e fenótipo.



O genótipo é o conjunto de características que uma pessoa recebe por transmissão genética, a informação genética de cada indivíduo presente no ovo. O fenótipo é o conjunto de caracterísiticas físicas e psicológicas que uma pessoa apresenta, que resulta da combinação entre a herança genética (genótipo) e a influência do meio.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

. Desenvolvimento, crescimento e maturação




Desenvolvimento

Conjunto de transformações que ocorrem ao nível físico e psicológico, desde o nascimento até à morte dos indivíduos, e que visam a adaptação ao meio - natural, social, cultural -.


Psicologia do desenvolvimento

A psicologia do desenvolvimento é a área da psicologia que estuda as mudanças no ser humano, procurando conhecer as suas repercussões nos comportamentos e nos processos mentais.


Crescimento

Falamos de crescimento quando nos referimos aos aspetos físicos de aumento das dimensões como, por exemplo, o aumento de altura e de peso. É um processo que começa na fecundação e prossegue na infância e adolescência em fases que alternam alterações bruscas com períodos de consolidação. O crescimento é, portanto, um conceito mais restrito que está englobado no conceito de desenvolvimento.


Maturação

A maturação é a vertente orgânica do desenvolvimento: é o processo pelo qual a hereditariedade atua depois do nascimento. É um programa que orienta o desenvolvimento, um conjunto de transformações que conduzem um organismo à maturidade. A maturação é um processo que ocorre em todo o organismo: sistema nervoso, sistema endócriono, músculos, ossos, etc. Por exemplo, é a maturação das glândulas sexuais que estabelece o início da puberdade com todas as transformações que lhe estão associadas.