Ainda que seja muito útil na vida de todos os dias - convém que paremos de quando em vez e nos ouçamos a nós mesmos -, a verdade é que como método científico a introspeção deixa muito a desejar. O maior problema é, desde logo, o seguinte: a objetividade requer distância, isto é, o observador deve poder olhar de fora para o objeto observado, de modo a poder vê-lo de todas as perspetivas e sem ideias prévias, o que não acontece quando fazemos introspeção, uma vez que o observador coincide com o objeto observado. E isto por uma razão muito simples: não podemos deixar de ser nós próprios, com as ideias que temos sobre nós mesmos, e observarmo-nos como se de um objeto exterior se tratasse. Além desta razão principal, o método instrospetivo revela outras fragilidades ou limitações:
1. só o sujeito da introspeção tem acesso à sua experiência interna, o que lhe "passa pela cabeça" não pode ser observado do exterior e ser controlado por outro observador;
2. nem todos os sujeitos conseguem descrever o que estão a sentir ou a processar mentalmente, isto é, a introspeção depende da linguagem;
3. as crianças, alguns doentes mentais, assim como os animais, não podem introspecionar;
4. há experiências psicológicas, como a ira que nos põe fora de controlo, que não são compatíveis com a introspeção: uma pessoa irritada nunca terá a calma necessária para descrever o que sente;
5. só analisa os processos conscientes, aqueles de que temos uma ideia. Isto é um problema porque os processos conscientes só são uma parte dos processos mentais, como veremos também existem processos inconscientes, e estes não são auto-observáveis, exatamente porque não temos consciência deles;
6. quando tomamos consciência de um estado psicológico já estamos a modificá-lo, trata-se já do modo como encaramos esse estado e não no seu estado puro. Em bom rigor, não há introspeção, mas retrospeção, uma vez que há um hiato entre o processo e a sua descrição.
William James, outro pioneiro da Psicologia enquanto disciplina autónoma, foi um dos primeiros a criticar o método introspetivo e a teoria de Wundt. Vê o vídeo que se segue, exatamente sobre o desacordo entre os dois investigadores: