sábado, 15 de outubro de 2011

. Wundt e o 1º laboratório de Psicologia Experimental



Nem sempre se pensou, como hoje, que a objetividade não é o mais importante em Psicologia. Quando esta se emancipou da Filosofia, de onde provinha, ainda não se falava de Ciências Humanas, e o modelo era o das Ciências Exatas. Estávamos nos finais do século XIX e o positivismo reinava, segundo o qual o conhecimento válido terá de ser rigoroso e objectivo. Daí que os primeiros investigadores se tenham concentrado nisso mesmo, aproximar a Psicologia dos métodos de trabalho das outras ciências. E isto implicava três coisas:


1. definir o seu objeto de estudo;


2. assegurar que o seu objeto de estudo pode ser estudado objetivamente;


3. utilizar um método rigoroso, o experimental, que garanta a objetividade.


O primeiro a investir neste sentido foi Wundt, médico de formação, que em 1879 fundou em Leipzig o primeiro Laboratório de Psicologia Experimental. Wundt considerava que o objeto de estudo da Psicologia era a consciência, que poderia ser decomposta nos seus elementos mais simples, as sensações, à semelhança das moléculas decomponíveis em átomos (a Química era a referência). Esta ideia de que a consciência e os processos mentais são uma associação de sensações, que depois poderão ser "observadas" isoladamente como se de átomos se tratasse, fez com que a sua teoria fosse conhecida por associacionismo.


Para isolar e registar as sensações de modo a estudá-las objetivamente Wundt recorreu ao método introspetivo. A introspeção é um processo relativamente simples a que recorremos todos os dias e muitas vezes sem pensar que estamos a fazê-lo: trata-se de nos "voltarmos para dentro de nós mesmos" e dar conta do que nos está a passar pela cabeça, que estamos a pensar ou a sentir... A diferença é que enquanto nós o fazemos espontaneamente, isto é, quando damos por nós estamos a pensar no que nos vai pela cabeça, Wundt o fazia de modo sistemático e controlado no seu laboratório: observadores treinados eram convidados a descrever as suas sensações face a uma situação experimental que ele próprio estabelecia. Por exemplo, pedia aos seus colaboradores que registassem de forma rigorosa e quantitativa, as sensações provocadas pela mastigação de um amendoim ou pela audição de sons repetitivos... como veremos de seguida, um método muito discutível!


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