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Quando olhamos à nossa volta, às vezes sem nos darmos conta disso, registamos uma série de informações com o auxílio dos nossos orgãos sensoriais: visão, audião, tato, olfato e paladar. Ao conhecimento daí proveniente, mais aquele que herdamos culturalmente e vamos adquirindo ao longo do processo de socialização - as tradições, os hábitos, os costumes, os valores -, atribui-se o nome de senso comum. Um conhecimento superficial e subjectivo, portanto, além de relativo. Superficial, porque resulta do contacto directo com a realidade, baseado nos sentidos, na maioria das vezes sem tempo para pensar no que estamos a registar, trata-se de um registo passivo que não vai para lá das aparências. Subjectivo, porque resulta da percepção sensorial de cada um, isto é, varia de sujeito para sujeito em função das suas capacidades físicas, sem intervenção da razão. Relativo, porque as sociedades e as culturas são diferentes, organizam-se e assentam em regras diferentes, daí que varie de cultura para cultura e de sociedade para sociedade - o que é considerado correcto na cultura x não é necessariamente correcto na cultura y -.
Ainda que o senso comum seja muito útil para a vida de todos os dias - é importante poder sentir que está frio e vestir um casaco, é bom saber que serei socialmente reprovado se for nú para a rua -, a verdade é que este conhecimento não inspira muita confiança quando se trata de fazer ciência. Isto é, se eu estiver interessado em construir conhecimentos que possam servir todos os indivíduos por igual, não posso basear-me nos sentidos, que falham, mas na razão, igual em todos os seres humanos independentemente da cultura a que pertencem. Quer isto dizer que o conhecimento científico é metódico, universal e desejavelmente objetivo. Metódico, porque as observações da realidade são sistemáticas e previamente preparadas, conduzidas com método e interessadas, isto é, os cientistas sabem o que procuram, não se trata de um registo ocasional e sem ordem como se passa no registo dos sentidos. Universal, porque o conhecimento científico vale para todos de igual forma, ou seja, a ciência estabelece leis, tenta afastar-se das variações fisiológicas entre cada um e entre cada cultura - ao cientista interessa o que é o quadrado, figura geométrica com quatro lados iguais cujas diagonais se cruzam rigorosamente ao centro, e não a importância do quadrado na cultura x ou y - . Desejavelmente objetivo porque o investigador, quando observa e estabelece as leis científicas, deve tentar abstrair-se de si, isto é, pôr de lado aquilo que o torna um sujeito individual e cultural - as suas limitações físicas, os seus sentimentos, as suas convições e pessoais, os valores da cultura a que pertence -, de modo a que a observação seja um registo da realidade tão fiel quanto possível, daí também que se socorra frequentemente da tecnologia.
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