Como vimos, o estudo do comportamento animal foi determinante nas propostas de Watson. Além das que ele mesmo realizou com ratos e macacos, há outras experiências desenvolvidas por contemporâneos seus que estão na base das suas descobertas: as de Pavlov, um investigador russo que trabalhou no domínio da reflexologia, e as de Thorndike, que enunciou a lei do efeito.
Pavlov e a reflexologia
Pavlov desenvolveu experiências com cães sobre o funcionamento das secreções gástricas, o que lhe valeu o prémio Nobel, e distinguiu dois tipos de reflexos (respostas/reações): os reflexos inatos e os reflexos aprendidos ou condicionados. Os primeiros são comuns aos homens e animais, são imediatos e involuntários, como é o caso da salivação perante o alimento ou a reação à luz e ao som que nos surpreendem. Os segundos são aprendidos, ou seja, são respostas que desenvolvemos depois de associarmos diferentes estímulos, como acontece, por exemplo, quando vamos ver quem é quando ouvimos bater à porta. Para compreender a distinção entre uns e outros, o melhor é mesmo descrevermos a experiência que o celebrizou:
1. Pavlov mostra um pedaço de carne (E1) a um cão e este saliva (R1)
2. Pavlov associa à carne uma campainha (E1+E2) e o cão continua a salivar (R1)
3. Pavlov faz soar a campainha (E2) e o cão continua a salivar (R1)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimM_VOaNeJVYU6qcW9zmbN8XfE9CWvAYTvymeO7Z0k9RUyxM88vIt9iFKgSk57BWZZO7trsen9Tp4TQiw8gkxakOXvHdtm3nhCNfrC6o73ZOzU4SOYVxgbCj6LcddDDXkc9rgVA1ZPIs-t/s320/pavlov6.jpg)
O que aconteceu nesta experiência: depois de o estímulo não condicionado (a carne) ser repetidas vezes associado ao estímulo condicionado (a campainha), o cão aprendeu a reagir ao estímulo condicionado como reagiria naturalmente ao não condicionado.
Thorndike e a lei do efeito
Thorndike (1874-1949), norte americano, mostrou que há uma relação entre o estímulo e a resposta quando esta é acompanhada de recompensa. Inversamente também: se a resposta não é acompanhada de recompensa, ou até é acompanhada de punição, aquela relação enfraquece. Por exemplo: se colocarmos um gato dentro de uma gaiola que só abre depois de acionar um cordel, ao mesmo tempo que colocamos cá fora um prato de comida só acessível se a gaiola estiver aberta, depois de muitas tentativas e erros, o gato vai aprender a abrir a porta e a comer quando desejar. O processo é relativamente simples: depois de muitas tentativas frustradas e de se atirar às grades, por acaso, o gato aciona o cordel e tem acesso à comida, o que se repete por várias vezes até que o gato passa a associar o acionamento do cordel à abertura da porta. O que no princípio foi um acaso, e demorava imenso tempo a conseguir, tornou-se uma resposta aprendida, uma vez que o gato passou a demorar cada vez menos tempo para conseguir o pretendido. Ou seja, quando aprendemos a associar um comportamento (acionar o cordel) a uma recompensa (comida), o comportamento consolida-se tende a repetir-se (o gato aciona o cordel sem grandes hesitações). Quando, pelo contrário, um comportamento não é seguido de recompensa (o gato atira-se contra as grades e não consegue comida), ou é punido (o gato atira-se contra as grades e acaba por se magoar), o comportamento tende a desaparecer (o gato deixa de se atirar contra as grades). E não é assim com os humanos? Thorndike estava convencido que sim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário